O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e está associado a padrões repetitivos de comportamento e interesses. Esses sinais costumam estar presentes desde os primeiros anos de vida e impactam o dia a dia da criança na escola, em casa e em outros ambientes sociais1.
Pesquisas sobre o que causa o autismo continuam a evoluir, buscando identificar fatores genéticos e ambientais que possam contribuir para o desenvolvimento do TEA.
Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de diagnósticos. Isso se deve, em parte, ao maior acesso à informação e à ampliação dos critérios diagnósticos — o que tem permitido identificar o TEA em diferentes graus e até mesmo em associação com outras síndromes2. Porém, além desses fatores, acredita-se que também esteja ocorrendo um aumento real da prevalência.
Quantas pessoas têm autismo no Brasil?
O Brasil ainda não possui dados próprios sobre a prevalência do TEA. Nos Estados Unidos, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças)3 estima que 1 a cada 31 crianças com 8 anos esteja no espectro. Se aplicarmos essa taxa à população brasileira (com base no último censo do IBGE, de 2022) 4, podemos estimar que cerca de 6,9 milhões de pessoas estejam dentro do espectro autista.
“Estimamos 6,9 milhões de autistas no Brasil – um em cada 31 crianças em idade escolar.”5
A genética por trás do TEA
O autismo é uma condição multifatorial, ou seja, não existe uma única causa. A genética tem papel importante, mas fatores ambientais também parecem contribuir.
Estudos identificaram alterações genéticas raras e variações em genes de pessoas com TEA. Isso explica por que o autismo é considerado um espectro: ele pode se manifestar de formas diferentes em cada pessoa, exigindo diferentes níveis de suporte.
Alguns indícios da influência genética:
- Irmãos ou gêmeos com autismo
- Outros familiares com o diagnóstico
- Associação com síndromes genéticas como Síndrome de Down, Rett, X Frágil, Fenilcetonúria, Esclerose Tuberosa, entre outras.
As alterações genéticas conhecidas respondem por cerca de 10% dos casos². Ainda não compreendemos totalmente como a genética se combina com o ambiente, mas já sabemos que:

O autismo é mais comum em meninos (quatro vezes mais que em meninas).

A idade avançada dos pais pode estar associada a um risco maior.

O risco de recorrência entre irmãos gira entre 20%6.

Em gêmeos idênticos, se um tem TEA, o outro tem 60%-80% de chance de também ter; em gêmeos diferentes, essa chance é de cerca de 10%
Fatores ambientais elevam o risco
Fatores ambientais isolados não causam autismo, mas podem aumentar o risco quando combinados à predisposição genética. Alguns deles:
- Exposição a poluentes, agrotóxicos ou certos medicamentos (como o ácido valpróico) durante a gestação
- Baixos níveis de ácido fólico, ômega 3 e 6 na gestação
- Infecções virais durante a gravidez
- Condições maternas como obesidade, diabetes ou doenças autoimunes
- Prematuridade extrema e muito baixo peso ao nascer
- Complicações no parto com falta de oxigenação cerebral
- Idade avançada dos pais (em estudo)
- Consumo de álcool e tabaco durante a gravidez
Vacina não causa o autismo
É importante reforçar: vacinas não causam autismo.
Essa associação foi feita por um estudo publicado nos anos 2000 e, desde então, completamente desmentida — inclusive pelo próprio autor. A manutenção dessa falsa crença ainda causa danos, pois leva muitos pais a evitarem a vacinação, expondo seus filhos a doenças graves.
O que os pais podem fazer para reduzir riscos?
Ainda não existe um exame de sangue ou imagem que diagnostique o autismo. O diagnóstico é clínico, feito por um profissional capacitado, com base no desenvolvimento e comportamento da criança.
Enquanto as pesquisas avançam, sabemos que o melhor caminho é a prevenção dos fatores de risco que podem ser evitados. Isso inclui:
- Alimentação saudável durante a gestação
- Suplementação adequada (com orientação médica)
- Prática de exercícios físicos
- Evitar tabaco, álcool e drogas
- Reduzir a exposição a poluição e agrotóxicos
- Uso consciente de medicamentos
Conclusão
O autismo é uma condição complexa, ainda cercada de perguntas sem respostas definitivas. Mas a ciência tem avançado, e a combinação entre fatores genéticos e ambientais parece ser a chave. Como pais, o melhor que podemos fazer é cuidar da saúde desde antes da gestação e buscar ajuda especializada ao notar qualquer sinal de alerta.
Para conhecer em detalhes todos os serviços de neurologia pediátrica, tratamentos e materiais educativos que preparamos, explore o restante do site e descubra conteúdos exclusivos em cada seção de https://dragabrielaramosneuroped.com/. Se desejar agendar uma consulta presencial ou por telemedicina garanta o atendimento especializado que seu filho merece entrando em contato no telefone +55 21 3190‑4498 ou envie mensagem no WhatsApp clicando aqui. Estamos prontos para apoiar o desenvolvimento neurológico da criança.
Diagnóstico precoce e intervenções adequadas fazem toda a diferença.
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR. 5. ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2023 ↩︎
- Rodrigues, Marcelo Marusha; Vilanova, Luiz Celso Pereira. (2017). Tratado de Neurologia Infantil. São Paulo: Atheneu.
↩︎ - Shaw KA, Williams S, Patrick ME, et al. Prevalence and Early Identification of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 4 and 8 Years — Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 16 Sites, United States, 2022. MMWR Surveill Summ 2025;74(No. SS-2):1–22. DOI: http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.ss7402a1
↩︎ - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html> Acesso em: 19 abr. 2025.
↩︎ - Website canal autismo https://www.canalautismo.com.br/noticia/cdc-aponta-1-em-31-prevalencia-de-autismo-nos-eua-aumenta-novamente-brasil-pode-ter-69-milhoes-de-autistas/?utm_source=chatgpt.com ↩︎
- https://autismsciencefoundation.org/press_releases/updates-sibling-recurrence-rates-of-autism/ ↩︎